domingo, 22 de fevereiro de 2009

Todo carnaval tem seu fim

Mais um carnaval, mais um ano. Mais uma vez temos a chance de nos distrair e teoricamente fazer "tudo" o que não podemos fazer no ano inteiro. Disfarce-se, não seja quem você realmente é e caisa na folia. Esqueça que na quarta-feira você voltará a ser humano e descobrirá que nada mudou e o próximo feriado ainda está longe. Esqueça.. curta. Pule. Grite. Dance.
E aqui minha mensagem para o carnaval:

Não beba com moderação, afinal você sempre é obrigado a fazer isso o ano inteiro.
Vá ao máximo de festas que puder e seja feliz ao menos uma vez no ano.

E como sou, apenas mais um como você, entro na onda do disfarce da sociedade que fingirá que tudo é feliz, tudo é sorriso nos próximos dois dias... Nossa! Já se passaram dois, estamos na metade.
Estou colocando minha máscara, mas desta vez, é a do sorriso.

Até que o carnaval termine.

Carnaval SP - Desfile do Grupo Especial - Visões do Setor J

O carnaval da cidade de São Paulo, que a cada dia vem crescendo e tornando-se uma referência turística para o país, encerrou na data de ontem (21.02.09) o desfile do Grupo Especial das escolas de samba da cidade. O desfile contou com a presença de pessoa ilustres e poucos problemas, o que tornou a festa ainda mais bela devido à grande criatividade dos carnavalescos e o excelente desempenho de todas as baterias.

As escolas que desfilaram no sábado foram Leandro de Itaquera, Pérola Negra, Mocidade Alegre, Acadêmicos do Tucuruvi, Gaviões da Fiel, Vai-Vai e Império de Casa Verde.

A escola Leandro de Itaquera trouxe como tema uma homenagem às periferias e à Regina Casé, que dedicou-se nos últimos anos a divulgar a cultura dos bairros periféricos.

A Pérola Negra, que falou a respeito de uma viagem à Índia, teve um excelente desfile. Ainda na concentração um carro da escola perdeu o eixo, o que gerou desespero em alguns integrantes e em todas as pessoas que assistiam ao desfile. Com muita habilidade, o carro conseguiu ser colocado na pista e gerou muitos aplausos da arquibancada e emoção entre os integrantes. O acontecimento pôde ser visto por poucas pessoas uma vez que o problema não demorou muito para ser resolvido.

A Mocidade Alegre, que distribuiu bandeirinhas entre todos os espectadores teve um excelente desfile que falava do coração. Alas dançando em forma de coração foram destaque. A rainha de bateria Nani Moreira, não desfilou à frente da bateria porém saiu como destaque no último carro da escola. A mesma teve uma filha recentemente e julgou que não tinha condições para desfilar na frente da bateria.

A Acadêmicos do Tucuruvi falou sobre Ouro Preto. No seu abre-alas a imagem de diversos santos e anjos, representando o Barroco. A madrinha de bateria foi a ex-dançarina Sheila Mello.

A Gaviões da Fiel, conseguiu estremecer a arquibancada. Antes mesmo da escola entrar, os presentes já cantavam hinos da escola e do Corinthians, time que a escola representa. Dentre os presentes apenas os que ficaram sentados em seus lugares ou não cantaram junto com a escola foram os torcedores de outros times, porém, os mesmos estavam em minoria. Falando sobre a roda a escola contou a evolução humana através da criação desta. A mesma contou com diversas celebridades. O último carro contava com uma figura enorme de São Jorge sobre um grande carro de Fórmula 1, em homenagem ao corintiano Ayrton Senna. O carro contava também com o cover do piloto.

A Vai-Vai, foi outra escola que conseguiu levantar toda a platéia, mas dessa vez toda mesmo, uma vez que a mesma não representa nenhum time de futebol e pôde contar com a torcida de todos os presentes. O desfile que falava sobre a saúde, foi belíssimo, porém teve de ser acelerado devido ao grande número de integrantes da escola e o pouco tempo de desfile. No final, uma confusão com os seguranças, ainda na concentração, fez com que alguns integrantes da última ala da escola tivessem de correr para conseguir entrar na avenida, outros porém, não conseguiram pois o portão foi fechado.

A última escola, Império de Casa Verde, contou com muito luxo. Os carros enormes da escola, que falava sobre as datas comemorativas no país, traziam ursos de pelúcia gigantes. Destaque também, para a bateria que teve belas coreografias. Por fim, o último e mais aguardado carro, fez com que todos os presentes ficassem boquiabertos. Um enorme tigre, com acabamento perfeito, desfilou sobre a avenida com rugidos e muita beleza.

Os presentes nesse último dia de desfile das escolas do grupo especial, puderam sair satisfeitos graças ao belo desempenho de todas as escolas. Agora, resta aguardar e ficar na torcida por cada escola do coração, na apuração que ocorre na próxima terça-feira (24.02.09), também no sambódromo. À partir daí, conheceremos a grande escola campeã, o que será uma disputa muito concorrida, face aos belos desfiles da sexta-feira também. Hoje ocorre o desfile do Grupo de Acesso que disputa duas vagas para o Grupo Especial.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O machismo nosso de cada dia

Prezados leitores do meu blog, venho hoje a assumir que sou um ser machista.
Antes de dar a oportunidade a qualquer um de fazer julgamentos premeditados, gostaria de esclarecer um ponto muito importante: você também é. Isso mesmo, a menos que você não tenha sido criado dentro de uma caverna, sem contato com nenhum ser (nem com animais irracionais) você será machista, independente de ser homem ou mulher.
O machismo, ou melhor dizendo, as idéias machistas dominaram a nossa sociedade há milênios atrás. Os anos, séculos, milênios, passaram, porém, o máximo que se conseguiu foi a amenização dessas idéias, que hoje passam com descrição por todos nós.
Provavelmente, haverão alguns que irão torcer o nariz dizendo que não tem nada de machista na cabeça e que isso é coisa do passado. Ah, não? Com toda a sinceridade, duvido!
O machismo já foi imposto a nós desde criança. Meninas, quais foram seus brinquedos? Bonecas, fogões, vassourinhas, carrinhos de bebê, casinha de brinquedo, panelinhas, joguinho de chá e por aí vai toda a parafernália de utensílios domésticos infantis.
Meninos, quais foram seus brinquedos? Carros, pistas de corrida, bolinhas de gude, bolas de futebol, pipas, peão, vídeo game, etc. Toda a necessidade top de linha para uma diversão e um crescimento feliz.
Brincadeiras saudáveis? Sim. Por outro lado, o treinamento para uma vida adulta. Por que o adulto não cuida da criança ao invés de sair para o futebol ou para aquela feira de automóveis? Certamente porque, enquanto a menina brincava de boneca e chazinho com suas amiguinhas, o garoto pirava nas pistas de corrida, no futebol de rua, ou no mundo virtual do vídeo game.
É um absurdo, imaginar um garoto brincando com bonecas. Conheço pessoas que chegam até a bater nos filhos quando eles têm esse tipo de atitude. Os que defendem, também tem seu lado preconceituoso: “Coitado, ele faz isso na inocência, não vê maldade.” Creio que essa frase foi pior do que ter reprovado.
É errado, deixar uma garota jogar futebol na rua, para não se misturar com os “moleques”. Se souber fazer mais de uma coisa que meninos fazem então, do tipo jogar peão, empinar pipa, ser melhor no “The King Of Fighters”, é um forte indício de que poderá virar lésbica. Preconceito meu? Jamais! Isso é o que você, ou se não, a maior parte das pessoas ao seu redor pensam.
Partindo da infância para a adolescência, o garoto deve “pegar” o máximo que puder. Quantidade é sinal de status entre a galera. Virgindade, não pode mais ser falada quando se chega aos 14 ou 15 anos. Quem chegar à maioridade sem ter transado ao menos com umas cinco garotas na vida, será considerado “nerd”. Geralmente, podem dormir com as garotas em seu quarto.
Garotas... têm de ser bonitas, porém discretas. Ficar com muitos garotos é sinal de ser “vassourinha”. Perder a virgindade antes dos 15 é sinal de ser safada. Quem chegar à maioridade e tiver transado com outros caras que não tenham sido seus namorados, será galinha. Dormir no mesmo quarto que o namorado? Nunca! Só se não tiver espaço, e se tiver que dormir no quarto, aquele irmão caçula e pentelho, com certeza, será designado para dormir entre o casal.
E não adianta tentar ser liberal, todos vamos ter uma idéia semelhante. Seja contra sua mãe, mas pense que um dia vai ser mãe. Você, deixará sua filha transar com quantos caras quiser e aparecer em casa com um diferente a cada dois dias? Vai dar uma boneca para o seu filho brincar? Se você ver ele brincando de casinha, não vai julgar que ele possa se tornar homossexual? Vai deixar sua filhinha princesinha brincar de futebol, cercada de garotos?
Com sinceridade: Eu não e sabe por quê? Não nasci isolado da sociedade. Fui criado em meio a videogames e bolas de futebol. Pude transar com mais de uma garota e confessar isso para quem quisesse ouvir, ainda na adolescência e sem ser recriminado. Vi pessoas jamais aceitando uma filha dormir na casa do namorado, ou gerando aquela briga feia. Resumindo: Fomos corrompidos.
Se você ainda não se convenceu do quão machista você é, assim como eu... então, tudo bem. O mundo precisa de pessoas “liberais” como você... Com certeza vai dar um jogo de panelinhas para o seu filho, sua filha vai perder a virgindade aos 13 anos e você perguntará à ela os detalhes da relação, se ela sentiu prazer, se o cara era bom de cama, seu filho vai poder falar para você numa boa que ainda é virgem aos 25 anos de idade, sua filha vai poder dormir com dois caras ao mesmo tempo no quarto, você terá orgulho de dizer que sua filha já transou com metade do bairro, ou de mostrar com risos, aquela coleção de DVDs pornôs dela. Seu filho vai poder estudar ballet e você vai chorar na apresentação. Sua filha poderá engravidar e se largar a criança com o pai, e apenas pagar pensão, você não ligará de ver o seu neto apenas de fim de semana. Essa será sua garota. Esse será seu garoto. E esse, com certeza, não será você.


Gostaria agora de parabenizar minha colega Aline, que escreveu um texto magnífico (“O machismo no dia a dia dos nossos lares”) em seu Blog “Miro na Lua se não acerto, fico nas estrelas” (link ao lado), e baseado nas idéias deste texto, resolvi escrever o meu.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Palavras de um outro eu

Eu poderia estar aqui quando o amanhecer chegasse. Parado no meu canto. Contando os cantos da parede. Falando pelos cotovelos. Escrevendo o que não sei. Escrevendo.
Por que será que as palavras decidiram dominar os meus lábios, a minha voz, os meus dedos, a minha face? Será que fui destinado a escrever uma nova bíblia? Ou será que é pura falta do que fazer?
Por que não decidi virar jogador de futebol? Em quanto tempo eu enriqueceria se tivesse aprendido a cantar? E por que eu insisto em escrever?
Por que será que não parece que sou eu que falo? Como eu tenho a coragem de deixar essas injustas e suadas mãos, navegarem sozinhas pelo meu teclado, pela minha folha, pela minha face?
Quem será esse outro humano que quer se revelar nas palavras? E por que, ele sabe dizer tudo o que sente, em apenas alguns segundos?
Quem sabe, Deus me deu o dom de entender o que minha mão diz. De entender o que minhas palavras, ou as palavras desse meu outro eu, tentam me explicar. Quem sabe, com esse dom, eu perdi as esperanças de entender o mundo exterior e fugi para esse meu mundo trancado.
Por que? Quem és?
Tenho a esperança de que minhas palavras nunca morram. De que elas naveguem por esse oceano do mundo, mesmo com meu corpo repousado ao mar. O que é isso? Tristeza repentina? Palavras de sofrimento? Momento ‘EMO’?Não. São palavras da liberdade, que saíram do meu corpo sem que eu desse a devida autorização e que aqui estão para mostrar a você, sim você, que está tendo a oportunidade de ler, que palavras não se criam, nascem. Saltam. Gritam. Voam. Desprendem-se de você e no final, você olha aquela folha, aquele computador, aquele gravador, aquela voz e diz: saiu.