quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O machismo nosso de cada dia

Prezados leitores do meu blog, venho hoje a assumir que sou um ser machista.
Antes de dar a oportunidade a qualquer um de fazer julgamentos premeditados, gostaria de esclarecer um ponto muito importante: você também é. Isso mesmo, a menos que você não tenha sido criado dentro de uma caverna, sem contato com nenhum ser (nem com animais irracionais) você será machista, independente de ser homem ou mulher.
O machismo, ou melhor dizendo, as idéias machistas dominaram a nossa sociedade há milênios atrás. Os anos, séculos, milênios, passaram, porém, o máximo que se conseguiu foi a amenização dessas idéias, que hoje passam com descrição por todos nós.
Provavelmente, haverão alguns que irão torcer o nariz dizendo que não tem nada de machista na cabeça e que isso é coisa do passado. Ah, não? Com toda a sinceridade, duvido!
O machismo já foi imposto a nós desde criança. Meninas, quais foram seus brinquedos? Bonecas, fogões, vassourinhas, carrinhos de bebê, casinha de brinquedo, panelinhas, joguinho de chá e por aí vai toda a parafernália de utensílios domésticos infantis.
Meninos, quais foram seus brinquedos? Carros, pistas de corrida, bolinhas de gude, bolas de futebol, pipas, peão, vídeo game, etc. Toda a necessidade top de linha para uma diversão e um crescimento feliz.
Brincadeiras saudáveis? Sim. Por outro lado, o treinamento para uma vida adulta. Por que o adulto não cuida da criança ao invés de sair para o futebol ou para aquela feira de automóveis? Certamente porque, enquanto a menina brincava de boneca e chazinho com suas amiguinhas, o garoto pirava nas pistas de corrida, no futebol de rua, ou no mundo virtual do vídeo game.
É um absurdo, imaginar um garoto brincando com bonecas. Conheço pessoas que chegam até a bater nos filhos quando eles têm esse tipo de atitude. Os que defendem, também tem seu lado preconceituoso: “Coitado, ele faz isso na inocência, não vê maldade.” Creio que essa frase foi pior do que ter reprovado.
É errado, deixar uma garota jogar futebol na rua, para não se misturar com os “moleques”. Se souber fazer mais de uma coisa que meninos fazem então, do tipo jogar peão, empinar pipa, ser melhor no “The King Of Fighters”, é um forte indício de que poderá virar lésbica. Preconceito meu? Jamais! Isso é o que você, ou se não, a maior parte das pessoas ao seu redor pensam.
Partindo da infância para a adolescência, o garoto deve “pegar” o máximo que puder. Quantidade é sinal de status entre a galera. Virgindade, não pode mais ser falada quando se chega aos 14 ou 15 anos. Quem chegar à maioridade sem ter transado ao menos com umas cinco garotas na vida, será considerado “nerd”. Geralmente, podem dormir com as garotas em seu quarto.
Garotas... têm de ser bonitas, porém discretas. Ficar com muitos garotos é sinal de ser “vassourinha”. Perder a virgindade antes dos 15 é sinal de ser safada. Quem chegar à maioridade e tiver transado com outros caras que não tenham sido seus namorados, será galinha. Dormir no mesmo quarto que o namorado? Nunca! Só se não tiver espaço, e se tiver que dormir no quarto, aquele irmão caçula e pentelho, com certeza, será designado para dormir entre o casal.
E não adianta tentar ser liberal, todos vamos ter uma idéia semelhante. Seja contra sua mãe, mas pense que um dia vai ser mãe. Você, deixará sua filha transar com quantos caras quiser e aparecer em casa com um diferente a cada dois dias? Vai dar uma boneca para o seu filho brincar? Se você ver ele brincando de casinha, não vai julgar que ele possa se tornar homossexual? Vai deixar sua filhinha princesinha brincar de futebol, cercada de garotos?
Com sinceridade: Eu não e sabe por quê? Não nasci isolado da sociedade. Fui criado em meio a videogames e bolas de futebol. Pude transar com mais de uma garota e confessar isso para quem quisesse ouvir, ainda na adolescência e sem ser recriminado. Vi pessoas jamais aceitando uma filha dormir na casa do namorado, ou gerando aquela briga feia. Resumindo: Fomos corrompidos.
Se você ainda não se convenceu do quão machista você é, assim como eu... então, tudo bem. O mundo precisa de pessoas “liberais” como você... Com certeza vai dar um jogo de panelinhas para o seu filho, sua filha vai perder a virgindade aos 13 anos e você perguntará à ela os detalhes da relação, se ela sentiu prazer, se o cara era bom de cama, seu filho vai poder falar para você numa boa que ainda é virgem aos 25 anos de idade, sua filha vai poder dormir com dois caras ao mesmo tempo no quarto, você terá orgulho de dizer que sua filha já transou com metade do bairro, ou de mostrar com risos, aquela coleção de DVDs pornôs dela. Seu filho vai poder estudar ballet e você vai chorar na apresentação. Sua filha poderá engravidar e se largar a criança com o pai, e apenas pagar pensão, você não ligará de ver o seu neto apenas de fim de semana. Essa será sua garota. Esse será seu garoto. E esse, com certeza, não será você.


Gostaria agora de parabenizar minha colega Aline, que escreveu um texto magnífico (“O machismo no dia a dia dos nossos lares”) em seu Blog “Miro na Lua se não acerto, fico nas estrelas” (link ao lado), e baseado nas idéias deste texto, resolvi escrever o meu.

2 comentários:

  1. Nooooooooooosssssssssssaaaaaaa!!

    without words...

    A d o r e i!

    PS: eu brincava de pipa, peão, bola, pq meu melhor amigo de infância era homem e quando ele era novinho ele tb brincava cmg de bonecas, mas quando ele cresceu, começou a ficar com vergonha =/

    ResponderExcluir
  2. Oi Leo

    Que legal saber da nossa interação na blogosfera, quando conseguimos falar de um mesmo assunto de maneira tão ampla, um completa o outro...
    Adorei seu texto!

    beijos

    ResponderExcluir