domingo, 11 de janeiro de 2009

Pena de morte?


É inacreditável como a "modernidade" das novelas a cada dia nos surpreende.

É a novela que nos "ensina" a moda que devemos seguir, a gíria que devemos falar, os conceitos que devemos ter, a música que vamos ouvir, o estilo de vida que vamos levar, etc. O poder ideologico de suas histórias é impressionante. Tudo é seguido conforme mostrado na novela, até os nomes, não me surpreenderia se em uma maternidade, nesse momento, nascessem Floras, Donatelas e Laras. O poder das novelas não é novidade.

O destino de uma personagem da novela "A Favorita", porém, me impressionou. Não sou a melhor pessoa para comentar de novelas, uma vez que, nunca as acompanho. Devido às férias letivas, pude ter a oportunidade de acompanhar o final de tal novela, o que não foi tão difícil de conseguir, uma vez que sabia por tabela tudo o que se passava com os personagens, só não os conhecia. Voltando ao foco, o destino da personagem que me impressionou foi o papel vivido por Helena Ranaldi, Dedina. Não acreditei que em 2009, viveria para ver "pena de morte" novamente. E o pior, por adultério.

Parece que voltamos à Idade Média, onde os "adúlteros" (as aspas não estão aí por acaso, acredite), eram queimados na fogueira. O pior que vejo é a opinião pública, sim, a famosa opinião pública. Conversas no ônibus, metrô, trabalho, etc. não escondem a sua opinião: "Bem feito, ela traiu, agora paga!". O que está acontecendo com o mundo "moderninho"? Voltamos a raízes passadas? Antes fosse... antes fosse.

O adultério é algo que é imperdoável para qualquer casal que realmente se ame. Sim. Não estou em defesa do adultério, mas acho que já crescemos o suficiente em termos de mentalidade, para aceitar que o adultério seja pago com a morte. Se é que merece castigo.

Traição é algo duro de se aceitar, realmente, porém de que vale vingar-se? Meu amigo, ou amiga, o "chifre" já foi dado, de que adianta agora dar o troco? E pior, de que vale a morte para "aliviar" a culpa? Jurei, estar assistindo uma novela de época, não fossem os trajes dos personagens, me perderia na história.

O mais engraçado é que tratamos e ensinamos que a essa visão de mundo, sempre existiu.

O mundo no passado não passava de tratos e acordos, e o casamento era mais um desses contratos. A menos que não fosse um escândalo público, pouco importava a mulher, às vezes até ao marido, que seu cônjuge tivesse relações fora de seu casamento. É preciso entender que esse conceito de família é coisa moderna, pós Revolução Francesa. Mamãe, papai e filhinhos sempre juntos e unidos é uma idéia que nos foi vendida e que, não sei como, até hoje acreditamos.

Sabemos, há muito, que nenhuma família vive como num comercial de margarina. E mesmo sabendo de tudo isso, ainda assistimos o castigo final de uma adúltera com a morte? Como se isso redimisse seus erros.

Precisamos melhorar nosso conceito de morte. Nem todos que morrem viram santos. E erros não são corrigidos com a morte.

Mas vamos fazer o que não é mesmo? Com certeza a "tiazinha" do ônibus irá falar: "Bem feito, traiu tem que pagar!".

Bem vindos ao moderníssimo 2009!

2 comentários:

  1. Oi Leo

    Estava fuçando o orkut e vi o link para seu blog, pelo que vejo é novo, por enquanto só li esse post e por coincidência ontem à noite eu estava falando sobre isso com uma amiga, que o homem que traiu o amigo não foi punido com a morte, ou seja, além da "pena de morte" algo pior e mais forte: o machismo, mas não estou aqui para bancar a feminista hauahau, passei aqui para dizer que ter um blog é legal para a profissão que escolhemos e antes disso para outras pessoas conhecerem seus textos e opiniões já que você(opinião minha) é bem quitinho na sala não fala tanto quanto eu
    Bom vou colocar o seu blog na minha lista de conhecidos

    beijos
    ba sorte

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  2. Outra coisa o nome faz a gente cantar garota nacional do Skank, no texto deu para ver que é mais um seguidor da Sociologia que tivemos com o Marcos Horário

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